Alguns fatos sociais engendraram condições para que hoje a visibilidade, a discussão e defesa dos direitos humanos dos homossexuais projetassem os temas da homocultura, homofobia e homossexualidades.
Nesse sentido, “O Projeto HSH – Homens que fazem sexo com homens” – iniciado em 1993 e desenvolvido pela ABIA (Associação Brasileira Interdisciplinar de AIDS) em parceria com o Grupo Pela VIDDA – Rio de Janeiro e o Pela VIDDA – São Paulo, foi o primeiro projeto de grande porte de prevenção DST – AIDS para homossexuais no Brasil. Na sua primeira fase, de 1993 até 1997, foi desenvolvido pelas três organizações nas duas maiores cidades do país.” (Almeida, 2003). No fim dos anos 90 o Projeto HSH foi assumido pelo Ministério Público, através do Programa Nacional DST/AIDS preocupado com os altos índices de contaminação HIV entre homossexuais.
No início de 2002 o GRAPPA – Grupo de Apoio e Prevenção aos Portadores de DST/AIDS de Montes Claros, elaborou um projeto e conseguiu um financiamento para coordenar o Projeto HSH na cidade. Esse trabalho constituía-se de preparação de monitores que visitavam os lugares usualmente freqüentados por homossexuais, bissexuais e travestis. Ali se distribuíam preservativos, material informativo sobre a prevenção e transmissão do HIV/AIDS e informações através de um jornal próprio “Entre Meios” produzido pelos executores do Projeto HSH
Em 01 de março de 2002 o bailarino Igor Xavier foi brutalmente assassinado com quatro tiros. O motivo crime: homofobia. Passados todos esses anos o réu confesso e seu comparsa continuam impunes sem sequer serem julgados.
No ano de 2002, na última semana do mês de junho (semana do Orgulho Gay), na Biblioteca Central da Unimontes, realizou-se a primeira manifestação pública na cidade de Montes Claros e região em celebração ao Dia Internacional do Orgulho Gay (28 de junho, data esta referente à “Rebelião de Stonewall”, marco início do movimento gay moderno, acontecida
No segundo semestre do ano seguinte, 2003, o assassinato cruel com 34 facadas e carro incendiado, do Fernando, declaradamente homossexual, um trabalhador da área de saúde, funcionário do Centro de Saúde Esplanada. A Causa: homofobia. Em 2006, Elton (Eltinho), funcionário do Hemominas, voluntário do GRAPPA e também declaradamente homossexual foi assassinado pelo seu parceiro que o enforcou enquanto dormia, mais uma vez o motivo foi a homofobia. Estes dois últimos casos os assassinos foram julgados e condenados.
Em 2004 foi criado o MGG (Movimento Gay dos Gerais) responsável pela organização da primeira Parada do Orgulho Gay de Montes Claros, em junho do mesmo ano. Nos anos seguintes as paradas continuaram ocorrendo no mês de junho e a partir do ano de
Desde 2004, também realiza-se, nos meses de março, a Semana Cultural Igor Xavier, numa manifestação cultural de protesto contra a impunidade dos assassinos de Igor Xavier, criando-se em 2008 , a Associação Sócio-Cultural Igor Vive – ASCIV, com o objetivo de lutar pelo fim da impunidade e pela busca de respeito aos direitos humanos dos homosssexuais.
Em 2008 é realizada a primeira Conferência Nacional LGBT (Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais) precedida de conferências municipais e estaduais, em consonância ao Programa Brasil Sem Homofobia, lançando pelo governo federal em 2004, paralelamente ao Programa Minas Sem Homofobia, onde a Unimontes é convidada a participar desse grandioso evento, representada por Ronilson Gervásio de Brito e que em retorno propõe à Universidade Estadual de Montes Claros a ser a pioneira na criação de um Núcleo de Estudos sobre Homocultura – NEHOM, e que é ratificada pela Reitoria da Unimontes. O projeto de criação do Núcleo de Estudos sobre Homocultura (NEHOM) foi aprovado pelo Conselho de Ensino, Pesquisa e Extensão da Unimontes, no dia 28 de agosto de 2008. Ao propor a criação do Núcleo de Estudos sobre Homocultura (NEHOM), através da Pró-reitoria de Extensão/Coordenadoria de Extensão Comunitária, a Universidade vem confirmar o compromisso de difundir a sua missão social – “contribuir para a melhoria e transformação da sociedade, atender as aspirações e aos interesses da comunidade academica”, tendo como princípio implantar, no ambiente acadêmico e na sociedade, o respeito à dignidade humana, a justiça social, o combate à discriminação e a valorização da diversidade, direitos estes garantidos a qualquer cidadão pela Constituição Federal. Nesse sentido o Nehom tem como objetivo geral desenvolver estudos interdisciplinares sobre gênero, identidade de gênero, orientação sexual e homocultura, fomentando ações que favoreçam o ensino, a pesquisa e a extensão, bem como o intercãmbio de experiências com outros órgãos e instiuições. As ações da Unimontes, através do Núcleo de Estudos sobre Homocultura, vem sendo efetivadas através de Palestras, Debates, Mesa-Redonda, Mostras Culturais, Seminários, Fóruns, Exibição de filmes e vídeos sobre a temática da diversidade sexual (Cinehom) em eventos promovidos pela Unimontes e outras Universidades públicas e privadas de Montes Claros e outras regiões de Minas. O Núcleo também vem contribuindo com o auxílio aos acadêmicos da Unimontes e de outras Universidades da região, que se interessam por realizar pesquisas na área da diversidade sexual. Os acadêmicos são auxiliados pelos professores especialistas, mestres e doutorandos da Unimontes e integrantes do NEHOM em seus trabalhos de Conclusão de Curso, tais como Monografias e Projetos. Sendo assim, a Universidade Estadual de Montes Claros, através do Núcleo de Estudos sobre Homocultura, vem confirmar o compromisso de difundir a sua missão social – promover e possibilitar a reflexão sobre a homofobia e mudança de comportamento da sociedade em relação às homossexualidades.
Montes Claros, dezembro de 2010
Ronilson Gervásio de Brito
Ativista e Pesquisador dos Direitos Humanos dos Homossexuais. Coordenador do Núcleo de Estudos sobre Homocultura – NEHOM. Bacharel em Direito, com especialização em Teoria da Justiça e os Direitos Humanos dos Homossexuais; Licenciado em Filosofia, com especialização
