sexta-feira, 30 de setembro de 2011

Ministra da Secretaria Especial de Direitos Humanos convoca população à participar da 2ª Conferência Nacional LGBT.


 Confira aqui vídeo - é só clicar abaixo!

 
Acesse e divulgue o Site da 2ª Conferência Nacional LGBT
 

quinta-feira, 29 de setembro de 2011

Mães pela Igualdade ‘mostram a cara’ no Brasil pelo fim da homofobia e transfobia

Com o aumento crescente dos crimes hediondos contra LGBTs no Brasil, a organização global por direitos LGBT AllOut.org e as Mães pela Igualdade no Brasil lançam campanha pelos direitos de seus filhos e suas filhas LGBT e exigindo que parlamentares tomem uma atitude.
Com base no desejo de JR, artista de rua anônimo ganhador do Prêmio TED que pretende “virar o mundo do avesso”, a AllOut.org está trabalhando com o cada vez mais importante movimento das “Mães pela Igualdade” no Brasil. No espírito do projeto de JR de convidar gente do mundo inteiro para exibir seus retratos, as mães de filhos e filhas LGBT estão mostrando seus rostos – e contando suas histórias – para chamar atenção para a onda cada vez maior de violência anti-LGBT que tem transformado o Brasil em um dos lugares mais perigosos do mundo para gays e transgêneros.
O lançamento público da campanha, será nesta quinta-feira, dia 29,  no Congresso Nacional, em Brasília, como parte do seminário “Famílias pela Igualdade”, promovido pelo deputado federal Jean Wyllys – único membro gay do Congresso Nacional brasileiro – e do Grupo de Igualdade LGBT legislativo. O Congresso Nacional está discutindo atualmente uma Lei Anti-Homofobia e Anti-Discriminação que estenderia os mesmos direitos para brasileiros LGBT, que são negados atualmente pelas leis existentes.

Mais de 10 “Mães pela Igualdade” participarão do seminário, seguido do lançamento de uma exposição fotográfica dentro dos halls do Congresso Nacional, com retratos enormes delas – cortesia do projeto “Inside Out”.

Quem São as “Mães pela Igualdade”?
De juízas federais a mulheres de negócios e donas de casa – e incluindo várias mães que perderam seus filhos para crimes hediondos anti-LGBT – as “Mães pela Igualdade” vêm de todos os cantos do Brasil e têm histórias importantes para contar:

Veja essas declarações 

Meu filho, meu melhor amigo, companheiro e confidente, foi morto num ataque homofóbico no ano passado. Hoje sinto um grande vazio, que procuro preencher com a luta contra a violência, homofobia, preconceito e a discriminação.” – Eleonora Pereira, Recife
“Como cidadã brasileira e, especialmente, como Mãe, vou exigir o cumprimento  do Principio Constitucional da Igualdade.”  – Luiza Habibe, Brasília
“Minha maior alegria no processo de reconhecer meu filho gay foi que me tornei uma pessoa melhor. Se eu não tivesse um filho gay eu ainda seria preconceituosa como eu era. Quando você trabalha para diminuir um preconceito, automaticamente está diminuindo todos os demais. Eu me tornei uma pessoa melhor, e fico feliz com isso.”
– Edith Modesto, São Paulo
“Me sinto muito feliz e lisonjeada em poder falar de  meus filhos, que amo muito. O mais novo é gay. Sinto orgulho dele filho, de sua garra, de sua força, e sua responsabilidade.” – Raquel Gomes, Curitiba

Como as “Mães pela Igualdade” Foram Formadas?
As “Mães pela Igualdade” juntaram-se iniciamente por meio de um pedido da AllOut.org depois de uma série de ataques anti-LGBT e assassinatos no início deste ano, assim como de um comentário particularmente cheio de ódio feito pelo deputado federal Jair Bolsonaro. “Prefiro ter um filho morto do que um filho gay”, disse ele à mídia.
Imediatamente, dezenas de mães de pessoas LGBT ofereceram-se para falar sobre políticas e atitudes de apoio à igualdade LGBT. As mães começaram a conversar umas com as outras e a AllOut.org ajudou a coordenar sessões de fotos e reuniões para testemunhos no país inteiro, em parceria com o projeto “Inside Out”.

O lançamento do projeto no Congresso dá início a uma série de eventos em grandes cidades brasileiras, por dois meses, em que retratos gigantes do Inside Out serão exibidos em lugares públicos e “Mães pela Igualdade” sairão às ruas e na mídia para falar sobre violência contra LGBTs.
AllOut.org é uma organização de campanhas globais dedicadas à igualdade LGBT com mais de meio milhão de membros em 190 países. Um movimento que trabalha online a nas ruas para construir um mundo em que todos possam viver livres e serem aceitos pelo que são, a All Out está colocando o poder de gente do mundo inteiro na luta histórica pela igualdade LGBT. Saiba mais em: www.allout.org.

Sobre o Projeto Inside Out
O Inside Out é um projeto de arte participatória em grande escala que transforma mensagens de identidade pessoal em trabalhos artísticos. Imagens digitais divididas pela internet são transformadas em pôsteres e mandadas de volta para os participantes do projeto, que exibem os trabalhos em suas comunidades. As pessoas podem participar como indivíduos ou grupos. Os pôsteres podem ser colocados em qualquer lugar, de uma imagem única na janela de um escritório a uma parede inteira em um prédio abandonado ou até mesmo em um estádio inteiro. Estas exposições serão documentadas, arquivadas e colocadas online em . O Projeto Inside Out é uma criação do artista de rua JR, ganhador do Prêmio TED de 2011 (assista à conversa de JR no TED aqui).

Sobre o Prêmio TED
O primeiro Prêmio TED foi dado em 2005, a partir da Conferência TED e da visão de mudar o mundo de importantes empresários, inovadores e artistas – um desejo de cada vez. O prêmio: US$ 100 mil e o talento, a perícia e a liderança do time do Prêmio TED, comandado por Amy Novogratz. O que teve início como uma experiência sem paralelos para usar os recursos da Comunidade TED e provocar mudanças globais evoluiu em um dos prêmios de maior prestígio do mundo. Para mais informações sobre o Prêmio TED, visite

quarta-feira, 28 de setembro de 2011

Igreja Inclusiva realiza I Congresso de Louvor no Rio de Janeiro

A Comunidade Betel ICM Rio de Janeiro vai realizar nos próximos dias 7 e 8 o I Congresso de Louvor e o 6º Louvorzão, no Rio de Janeiro.
Com o tema “Reconstruindo a adoração inclusiva”, a Comunidade Betel abre a programação no dia 7, às 19h30, com um Culto de Louvor e Adoração. As atividades continuam com um workshop no dia 8, a partir das 16h, seguido, às 19h, por mais um Culto de Louvor e Adoração.
O evento é gratuito e aberto a todos. A programação será realizada na Praia de Botafogo, 430 – sobreloja.

Mais informações no site www.betelrj.com


Comunidade Betel é uma Igreja Cristã Protestante, Reformada e Inclusiva. A igreja iniciou suas atividades públicas em 06 de Agosto de 2006, após nove meses de intensos trabalhos de um grupo de sete pessoas, sob a liderança do Rev. Márcio Retamero. Nos classificamos como uma Igreja Cristã Protestante, Reformada e Inclusiva. Mas o que tudo isso significa? Vamos entender?

O que é ser Protestante?
É valorizar e se inspirar na Reforma realizada por Martin Lutero (Século XVI), cujos pilares centrais são as doutrinas da Salvação pela Graça Somente, e o Sacerdócio Universal de todos os crentes. Lutero enfatizava, assim como nós, que a salvação é dom gratuito de Deus, conferido mediante a fé e não algo dependente de alguma igreja ou instituição (Ef. 2:8-10). Da mesma forma pregava que todo crente é um “sacerdote”, sendo liberto para orar e se dirigir diretamente a Deus, sem intermediários. Para Lutero, e para nós, há somente um intermediário entre Deus e os homens: Jesus Cristo (1Tm 2.5).
A Comunidade Betel valoriza e se orgulha da História da Igreja e dos Reformadores.

O que é ser Reformado?
É seguir o modelo doutrinário legado por João Calvino, outro grande reformador e o maior teólogo protestante da História da Igreja. Calvino, assim como nós, reafirma cinco pontos centrais da doutrina cristã: Depravação Total (Rm 3:9-20), Eleição Incondicional (Ef. 1:4, 5 e 2:8-10), Graça Irresistível (Jo. 6:44, 10:26, 27), Redenção Particular (Mt. 26:28) e Perseverança dos Santos (Rm. 8:28-30). Pra nós Deus é Soberano e está no governo de tudo, reinando desde o seu trono sobre a Igreja e o mundo.

O que é ser Inclusivo?
É prosseguir com a missão profética iniciada pelo Rev. Troy Perry (1968), primeiro pastor assumidamente gay do mundo e fundador da primeira Igreja direcionada para a pregação do Evangelho para a comunidade de lésbicas, gays e transgêneros, a Igreja da Comunidade Metropolitana - nossa denominação. A Inclusão prega uma releitura não-fundamentalista das Escrituras e afirma que ela não condena a homossexualidade como a entendemos hoje. O que há, na realidade, são traduções de má-fé e ideológicas da Bíblia e uma deturpação da mesma para servir à manutenção e promoção do preconceito por parte da Igreja.
Seguindo o exemplo do pastor Troy, Betel prega e anuncia o Evangelho na cidade do Rio de Janeiro, sem distinções, “pois Deus não faz acepções de pessoas”. (Atos 10:34)
Somos cristãos e nossa missão é espiritual, mas não fechamos os olhos, como a maioria das igrejas, para a realidade e injustiça do mundo. Por isso, somos voz profética, lutando contra a violência e opressão, principalmente advinda da igreja cristã, contra as lésbicas, gays e transgêneros.

As Igrejas da Comunidade Metropolitana
Durante algum tempo a Comunidade Betel foi uma igreja local independende, sem vínculos com qualquer denominação. Em 14 de Março de 2010, em Assembleia Geral de membros, a igreja decidiu por sua filiação às Igrejas da Comunidade Metropolitana - ICM.
Ser uma ICM é contribuir com esta obra mundial de pregação do Evangelho à Comunidade LGBT. A ICM está presente em mais de 40 países, em todos os continentes, com mais de 300 igrejas, e continua sendo a maior denominação inclusiva do mundo. Ser ICM não altera em nada o perfil da Comunidade Betel, suas crenças e práticas litúrgicas, pelo contrário, contribui com o engrandecimento e fortalecimento de laços entre irmãos em diversas igrejas locais no Brasil e no mundo. Mais informações sobre a ICM no www.icmbrasil.com e www.mccchuch.org

E quem é quem na Comunidade Betel?
A Comunidade Betel é uma Igreja de forma congregacional em seu governo. Isso significa que o poder e as decisões estão nas mãos de todos os seus membros. As decisões são tomadas em Assembléias públicas, onde todos os membros podem se expressar, propor idéias, e claro, votar! Qualquer membro da igreja também pode se candidatar aos cargos administrativos, e sendo eleitos pela Assembléia, ficam no cargo por um ano.
O pastor e os conselhos da Igreja (administrativo e eclesiástico) também estão submissos ao governo da Assembléia.
A Comunidade Betel é uma igreja totalmente democrática, por isso as decisões são sempre tomadas visando o amor e o bem estar de todos, respeitando a decisão da maioria.

Como é o Culto?
Somos Inclusivos, por isso nosso culto agrega elementos de todas as tradições cristãs. O modelo de culto segue a doutrina reformada, mas os elementos são diversos. Cantamos louvores tradicionais e modernos. Usamos cancioneiros clássicos do protestantismo brasileiro, além de não deixarmos de lado o que há de saudável na moderna música evangélica.
Não classificamos nosso culto como “tradicional” ou “pentecostal”, pois cremos que numa Igreja Inclusiva há espaço para cristãos de todas as vertentes. Tradicionais e pentecostais convivem harmoniosamente dentro de nossa comunidade.
Somos uma Igreja para todos, onde os que se achegam ajudam a compor a identidade e o perfil do que é a Comunidade Betel do Rio de Janeiro.

segunda-feira, 26 de setembro de 2011

VI Semana e 8ª Parada do Orgulho LGBT de Montes Claros. Confira Programação!


VI Semana do Orgulho LGBT de Montes Claros
“Sem homofobia, mais cidadania. Somos todos iguais”.:

Programação

Dia 03 de outubro, às 19h00 - Abertura oficial na sala Geraldo Freire (anexo da Câmara Municipal); 

Dia 04 de outubro, das 09h00 às 14h00 - Ação de Cidadania na Praça Doutor Carlos oferecendo à população diversos serviços de saúde, lazer e entretenimento.

Dia 05 de outubro, às 19h00 -  Mesa de Debates : A legislação municipal (PL 4007/08), que dispõe sobre o combate às práticas discriminatórias em razão da orientação sexual, na Sala Geraldo Freire (anexo da Câmara Municipal);

Dia 06 de outubro, às 19h00 – Mesa de  Debates: O crescimento da incidência das DST's, HIV/AIDS e hepatites virais, na Sala Geraldo Freire (anexo da Câmara Municipal);


Dia 07 de outubro, às 19h00 -  Mesa de Debates: A união homoafetiva sob o enfoque dos direitos humanos,  na Sala Geraldo Freire (anexo da Câmara Municipal);



Dia 08 de outubro, a partir das 16h00 -  VIII Parada do Orgulho LGBT ,  com apresentações de shows musicais de artistas, show pirotécnico, dee jay's, trios, barracas de apoio e distribuição de material informativo, na Avenida Deputado Esteves Rodrigues (Avenida Sanitária).


O Porque das Paradas e origem:


A Rebelião de Stonewall foi um conjunto de episódios de conflito violento entre gays, lésbicas, bissexuais e transgêneros e a polícia de Nova Iorque (EUA) que se iniciaram com uma carga policial em 28 de Junho de 1969 e duraram vários dias. Tiveram lugar no bar Stonewall Inn e nas ruas envolventes e são largamente reconhecidos como o evento catalisador dos modernos movimentos em defesa dos direitos civis LGBT. Stonewall foi um marco por ter sido a primeira vez que um grande número do público LGBT se juntou para resistir aos maus tratos da polícia para com a sua comunidade, e é hoje considerado como o evento que deu origem aos movimentos de celebração do orgulho gay.

sexta-feira, 23 de setembro de 2011

Hoje, 23 de setembro, Dia do Orgulho Bissexual



23 de setembro: Dia do Orgulho Bissexual


O Dia da celebração bissexual é observado no dia 23 de Setembro por membros da comunidade Bissexual e seus aliados.
Este dia é uma chamada às pessoas bissexuais e suas famílias, amigos e aliados para reconhecer e celebrar a bissexualidade, a história bissexual, a comunidade Bissexual e a cultura, e a pessoa bissexual em suas vidas.
Primeiro observado em 1999[7][8], o Dia da celebração bissexual é a criação de três ativistas dos direitos bissexuais dos Estados UnidosWendy Curry do Maine, Michael Page da Flórida, e Gigi Raven Wilbur do Texas. Wilbur disse,
Depois da rebelião de Stonewall, a comunidade gay e lésbica cresceu em força e visibilidade. A comunidade bissexual também cresceu na força mas de muitos modos somos ainda invisíveis. Também fui condicionado pela sociedade para tachar automaticamente um casal que anda de mãos dadas como hetero ou gay, dependendo do gênero percebido de cada pessoa.
Esta celebração de bissexualidade especialmente, ao contrário dos eventos LGBT gerais, foi concebida como uma resposta ao preconceito e a marginalização das pessoas bissexuais por alguns tanto nas comunidades hetero e grandes comunidades LGBT.
No seu primeiro ano, uma observância foi mantida durante a Associação Internacional de Gays e Lésbicas, que ocorreu durante a semana do 23o. Enquanto no início o feriado só passou em áreas com uma presença bissexual extremamente forte, ele agora presencia eventos como discussões, festas de jantar e danças em Toronto e um grande baile de máscaras em Queensland, Austrália. Na Universidade A&M do Texas, a semana apresentou painéis de discussão e sessões de pergunta-e-resposta A Universidade de Princeton celebra este dia cada ano fazendo uma festa no seu Centro LGBT. O destaque da festa são biscoitos de açúcar deliciosos em forma da imagem da bandeira do Orgulho Bissexual. Também tem sido celebrado na Alemanha, Japão, Nova Zelândia, Suécia e Reino Unido.

 Bandeira do orgulho bissexual

A bandeira do orgulho bissexual foi desenhada por Michael Page em 1998 para dar à comunidade bissexual o seu próprio símbolo comparável com a bandeira do orgulho gay da maior comunidade LGBT. O seu objetivo era aumentar a visibilidade dos bissexuais, tanto entre a sociedade no conjunto como dentro da comunidade LGBT.
A faixa magenta (cor de rosa) em cima da bandeira representa a atração sexual ao mesmo sexo somente (gay e lésbico); a faixa azul real no fundo da bandeira representa a atração sexual ao sexo oposto somente (indivíduo heterossexual); as faixas ficam sobrepostas no centro em quinto lugar da bandeira para formar uma sombra profunda da lavanda (purpúra), que representa a atração sexual a ambos os sexos (bissexuais). A proporção de aspecto da bandeira não é fixada mas 3:2 e 5:3 muitas vezes são usados, em comum com a maior parte de outras bandeiras.

Bissexualidade



Embora, teoricamente, por se apresentar também nela uma faceta de heterossexualidade, no sentido da atracção por indivíduos do sexo oposto, segundo o olhar de homossexuais exclusivos, a bissexualidade pode parecer mais facilmente aceita. A verdade é que em geral, há incidências específicas de preconceito contra pessoas bissexuais partindo tanto de certos homossexuais quanto de heterossexuais. Por exemplo, a percepção das pessoas bissexuais como a ponte que trouxe a AIDS dos homossexuais para os heterossexuais, pode ser considerada com uma demonstração de bifobia. Outra face da bifobia se dá quando certos homossexuais consideram a bissexualidade pouco mais que um meio-termo confortável entre a heterossexualidade estabelecida e a identidade homossexual pela qual lutam por estabelecer. Além disso pessoas bissexuais podem ser alvo tanto de homofobia (por parte de alguns heterossexuais) quanto de heterofobia (por parte de alguns homossexuais). Nos dias de hoje têm sido comum também o uso do termo queer na denominação tanto de pessoas bissexuais como homossexuais numa tentativa de fugir do dualismo e subcategorização humana, englobando num único termo as pessoas que possuem uma orientação sexual divergente da heterossexualidade dominante.
No entanto, em termos históricos mais amplos, o comportamento bissexual foi aceito e até encorajado em determinadas sociedades antigas, especificamente, entre outras, na Grécia, e em determinadas nações do oriente Médio.
 

Relatórios Kinsey

Em termos de estudos quanto à Bissexualidade, sublinha-se em notoriedade e importância para estudos posteriores do assunto os Estudos de Kinsey, publicados em 1948 e 1953, quanto a um estudo cujas conclusões afirmavam, entre outras constatações, que grande parte da população norte-americana tinha algumas tendências bissexuais de intensidade variante. Embora algo criticados, em particular quanto à selecção dos indivíduos a quem se aplicaram os inquéritos correspondentes ao estudo, estes vieram a tornar-se uma referência notória no que toca a estudos da sexualidade, e apresentou pela primeira vez a noção de que a bissexualidade é, possivelmente, muito mais comum do que se pensa, mantendo-se por isso também importante em campos teóricos - em particular pela noção apresentada da sexualidade humana ser composta não por duas alternativas únicas, a heterossexualidade e a homossexualidade, mas por um espectro de interesse e comportamento sexual, que tem as duas como extremos.
  
Bifobia


Bifobia é um termo usado para descrever o medo de, aversão à, ou discriminação contra bissexualidade ou pessoa LGBT que é bissexual ou percebe ser bissexual. Também pode significar o ódio, a hostilidade, desaprovação de, ou preconceito contra a pessoa LGBT, comportamento sexual, ou culturas. Bifóbico é a forma adjetiva deste termo usado para descrever as qualidades dessas características enquanto o menos comum biofóbo é a forma de substantivo dada como um título para indivíduos com características "bifóbicas". 

Estereótipos bissexuais 


Os estereótipos bissexuais incluem, mas não são limitados à: promiscuidade, poligamia, viver trocando de parceiros, ou ser "confuso" ou "ganancioso" ou "pervertido". Em alguns casos, os bissexuais são acusados de trazer doenças sexualmente transmissíveis à comunidade heterossexual ou na comunidade LGBT. Um estereótipo relacionado é aquele no qual se supõe que uma pessoa bissexual está disposta a fazer o sexo com qualquer um. Este estereótipo leva à atenção não desejada de uma natureza sexual dirigida às mulheres bissexuais, muitas vezes estereotipando homens bissexuais com andarem com riscos de AIDS.
Muitas vezes, contudo, os indivíduos heterossexuais acrescentarão mais estereótipos baseados na homofobia. Os Homofóbicos muitas vezes pensam que os bissexuais são um gênero não conformado. A pessoa homossexual verá às vezes os bissexuais como mantenedor de privilégio e colaborador contra os homofóbicos simultaneamente ajudando-se de oportunidades em comunidades LBGT. Alguns consideram a crença que a pessoa é heterosexual ou o homossexual, e assim que bissexualidade não existe realmente, para alguém ser bifóbico.
Um estudo de 2002 disse que uma amostra de homens que auto se identificam como bissexual não respondeu igualmente ao material pornográfico que implica só homens, e à pornografia que implica só mulheres, mas em vez disso mostrou a quatro vezes mais excitação a um do que o outro. Contudo, bissexualidade não contém a atração igual em direção a ambos os gêneros. Além do mais, os oponentes afirmam que a excitação genital ao material pornográfico homossexual não é um bom indicador da orientação. Eles também indicam que o estudo mostrou que um terço dos homens não tiveram nenhuma excitação, e perguntar por que disso não significa que um terço de homens é realmente assexual. Os estudo e artigo que reportou no The New York Times em 2005,[ foram posteriormente criticados como sem nexo e bifóbico.Lynn Conway criticou o autor do estudo, J. Michael Bailey, citando a sua história controvertida, e indicando que o estudo não foi cientificamente repetido e confirmado por qualquer pesquisador independente.
De modo inverso, há uma escola de pensamento que diz que "todo mundo é bissexual." Um motivo comum de atitudes negativas em direção a bissexualidade pode ser medo dos heteros masculinos e heteros femininos que seus maridos/namorados e as esposas/namoradas possam divorciar deles ou romper com eles por membros do mesmo sexo. Os mesmos medos existem entre a pessoa gay também. Para as lésbicas ele pode ser o medo que uma mulher bissexual abandone uma mulher por um homem; e vice-versa com os homens gays que temem que eles sejam trocados para uma mulher. O homem heterosexual é visto como ter uma vantagem sistêmica injusta tanto devido ao sexismo como devido a homofobia. As pessoas bissexuais também podem ser o objetivo da homofobia daqueles que consideram só a heterossexualidade apropriada.
Algumas lésbicas feministas radicais pensam que as mulheres bissexuais estão indo no modo patriarcal.[carece de fontes?] Outros dizem que as pessoas que são contra bissexuais são inseguras sobre a sua própria sexualidade, similarmente à homofobia. É justo observar que muitos antibissexuais são também homofóbicos, mantendo que há somente o indivíduo heterossexual e o homossexual como preferências sexuais, e um estereótipo comum é que bissexuais femininos são a atenção dos indivíduos heterossexuais sendo buscado por eles mesmo, enquanto os masculinos são homossexuais somente abnegados com medo de reconhecer totalmente a sua orientação verdadeira.

Fonte: Wikipédia

No Brasil - Depoimentos:


Em tempos de discussão sobre orgulho gay e orgulho hétero, 3% da população brasileira diz sofrer preconceito de ambos os lados.
São os bissexuais --mais de 5 milhões no país, segundo pesquisa Datafolha de 2009. Na próxima sexta, dia 23, eles vão comemorar o Dia do Orgulho Bissexual.
Um deles é Fábio*, 17. "Sinto atração pela beleza dos dois", diz. "As mulheres são mais meigas e suaves, já os homens têm pegada forte, são mais rústicos."
Como ele, a estudante de ciências sociais Maraiza Adami, 23, também é bi. Ela reclama: "Os héteros acham que ser bi é transitório ou promíscuo. Já os gays, principalmente dentro do movimento LGBT, acham quase uma agressão você ficar com alguém do sexo oposto."
Especialistas em sexualidade tentam entender as razões do duplo preconceito. O psiquiatra Alexandre Saadeh, especialista em identidade sexual do Hospital das Clínicas, lembra que é muito comum que a bissexualidade seja vista como uma fase anterior à confirmação da homossexualidade.
Esse mito incomoda tanto Ilana Falci, 21, de Belo Horizonte, que ela quer editar um vídeo com vários bissexuais dando o seu depoimento. "O bi não é uma pessoa em dúvida", diz ela. "Não precisa decidir se gosta mais de homens ou de mulheres."
O projeto de Ilana se chama "Sou Visível". É possível encontrar mais informação sobre ele em bisides.com.
Esse site foi criado por outra bissexual, a estudante de secretariado executivo Daniela Furtado, 24. Um dos seus objetivos é utilizar a página para discutir como lutar contra o que ela chama de "bifobia".
Os participantes do site reclamam que, apesar da sigla LGBT incluir os bissexuais, gays e lésbicas "negam lugar" a eles no movimento. "Eles se sentem no direito de nos olhar com desconfiança", diz um dos textos. "Então eu pergunto: o que gays e lésbicas propõem que nós façamos quando o sexo de quem amamos é diferente do nosso?"
Daniela já namorou tanto meninas quanto meninos. Atualmente, está há três anos com Danilo Milhiorança, 25, que é heterossexual.
"Ela foi muito honesta comigo e sempre me fez sentir seguro, então está tudo certo", diz o rapaz.
Entre os bissexuais famosos, estão os cantores David Bowie e Lady Gaga, o vocalista do Green Day, Billie Joe Armstrong, e as atrizes Megan Fox e Angelina Jolie.
ALGO CURIOSO
Nem todo mundo, porém, é tão convicto da sua bissexualidade quanto esses famosos. E não há nada de errado nisso, diz Maria Helena Vilela, educadora sexual e diretora do instituto Kaplan, que faz estudos sobre sexualidade.
Na adolescência, afirma, é comum a confusão entre admiração e tesão. Muitos jovens, então, acabam tendo experiências com o mesmo sexo, com amigos, por exemplo.
Mas isso não necessariamente os faz homo ou bissexuais, já que a identidade só é completamente estabelecida na fase adulta.
"Os adolescentes têm hormônios saindo pelos ouvidos e maior disponibilidade para o sexo, então é mais complicado separar a curiosidade", explica Saadeh.
Lúcia*, 18, por exemplo, só transou com garotos, mas, desde o começo do ano, tem experimentado ficar com algumas amigas. "Nunca tinha cruzado minha mente a ideia de ficar com meninas, mas rolou um dia e eu gostei, então estou vendo o que realmente quero", diz.
*Nomes fictícios 

IURI DE CASTRO TÔRRES
FOLHA DE SÃO PAULO

quarta-feira, 21 de setembro de 2011

Estatuto da Diversidade Sexual

Considerando que a Constituição Federal consagra a dignidade da pessoa humana e os princípios da igualdade e da liberdade, bem como proíbe qualquer forma de discriminação; 

Considerando que, mesmo não havendo legislação, há uma década a jurisprudência vem assegurando direitos a quem é marginalizado por sua orientação sexual ou identidade de gênero;

Considerando que I Conferência Nacional GLBTT, convocada pela Presidência da República, em junho de 2008, aprovou as resoluções 56 e 60 que propõem a elaboração de Projeto de Lei de um estatuto da cidadania;

Considerando que, em 5 de maio de 2011, o Supremo Tribunal Federal, ao acolher a ADI 4.277-DF e ADPF 132-RJ, por votação unânime, com eficácia contra todos e efeito vinculante, deu interpretação ao art. 1.723 do Código Civil conforme a Constituição Federal, para dele excluir qualquer significado que impeça o reconhecimento da união contínua, pública e duradoura entre pessoas do mesmo sexo como “entidade familiar”, entendida essa como sinônimo perfeito de “família”.

Considerando que os avanços ocorridos no âmbito do Poder Judiciário consolidaram a jurisprudência de modo a garantir a concessão de direitos também no âmbito da administração pública; Considerando que foram os advogados os artífices de todas estas mudanças, pois a Justiça só se pronunciada quando é incitada a fazê-lo, sendo pois, os advogados indispensáveis à administração da justiça (CF art. 133).

A Ordem dos Advogados do Brasil apresenta à Comissão de Direitos Humanos e Participação Legislativa do Senado Federal anteprojeto de lei para instituir o Estatuto da Diversidade Sexual.

A legitimação ativa do Conselho Federal da OAB, para propor projetos à Comissão de Direitos Humanos e Legislação Participativa é universal, sendo dispensada comprovação da pertinência temática, segundo o
parágrafo único do art. 5º e § 2º do art. 7º do Ato nº 1/2006, que regulamenta o art. 102-E do Regimento Interno do Senado Federal, alterado pela Resolução n.º1 de 2005.

Fazendo uso dessa prerrogativa é que o Conselho Federal da OAB, em audiência pública realizada dia 22 de março de 2011, aprovou a constituição da Comissão Especial da Diversidade Sexual, que foi criada pela
Portaria 16/2011 de 15 de abril de 2011 com o compromisso de qualificar os advogados e elaborar o Estatuto da Diversidade Sexual. A Comissão é presidida por Maria Berenice Dias (RS) e integrada por Adriana Galvão Moura Abílio (SP); Jorge Marcos Freitas (DF); Marcos Vinicius Torres Pereira (RJ) e
Paulo Tavares Mariante (SP). Participam como consultores: Daniel Sarmento (RJ); Luis Roberto Barroso (RJ); Rodrigo da Cunha Pereira (MG) e Tereza Rodrigues Vieira (SP).

Todos profissionais comprometidos com a construção de uma sociedade livre, igualitária e democrática e que, pelas suas trajetórias de vida, gozam do respeito e do reconhecimento da comunidade científica. A eles foi delegada a difícil missão de elaborar um conjunto de normas e regras que servisse para aperfeiçoar o sistema legal deste país, acolhendo parcela significativa da população que, de modo injustificável, se encontra alijado dos mais elementares direitos de cidadania.

Mas o Estatuto foi elaborado a muitas mãos. Contou com a efetiva participação das Comissões da Diversidade Sexual das Seccionais e Subseções da OAB instaladas, ou em vias de instalação, que já são mais de 50 em todo o País. Além disso, foram ouvidos os movimentos sociais, tendo sido encaminhadas mais de duas centenas de propostas e sugestões.

São estes os referencias que concedem legitimidade à Ordem dos Advogados do Brasil para encaminhar ao Congresso Nacional o mais arrojado projeto legislativo apresentado neste século, quer pela sua abrangência, quer pelo seu significado de retirar da invisibilidade jurídica, do descaso social e da intransigência de muitos, pessoas que precisam ter garantido o direito de viver, de amar e de ser feliz, seja qual for a sua orientação sexual ou identidade de gênero.


Abaixo segue o link dos textos do Estatuto da Diversidade e a Proposta de Emenda Constitucional.

É fundamental uma mobilização nacional, pois se trata da mais importante proposta legislativa para o reconhecimento dos direitos à população LGBT.

Assim, indispensável que o tema seja divulgado e debatido.



Capa

PROPOSTA DE EMENDA CONSTITUCIONAL

ESTATUTO DA DIVERSIDADE SEXUAL


Exposição de motivos

Legislação infraconstitucional a ser alterada


terça-feira, 13 de setembro de 2011

Baseado em livro, Filme "Orações para Bobby" leva gays e héteros ao choro

SÉRGIO RIPARDO
colaboração para a Livraria da Folha

"Orações para Bobby" é um dos principais filmes de 2009 sobre o drama de ser gay na adolescência. Quem viu (homossexual ou hétero) costuma se emocionar e até chorar. Um jovem se suicida após se sentir rejeitado pela mãe religiosa. A morte provoca um terremoto na família conservadora, e a história fica mais interessante com os desdobramentos: os parentes ficam se remoendo de culpa até encontrarem um caminho mais digno de superar o trauma.
Baseada em fatos reais, a produção é inspirada no livro "Prayers for Bobby: A Mother's Coming to Terms with the Suicide of Her Gay Son", de Leroy Aarons, sem lançamento em português. O filme foi exibido apenas na TV norte-americana, no canal Lifetime, que pode ser considerado um canal para donas-de-casa.
Mas a internet tornou "Orações para Bobby" um fenômeno. Logo, gays e lésbicas do mundo inteiro baixaram o filme por meio de servidores de arquivo, como Torrent e Megaupload, traduziram legendas e logo se disseminaram blogs e comunidades em redes sociais, como o Orkut, onde com uma simples pesquisa dá para encontrar links para download do filme com legendas em português.
Este é o primeiro filme feito para TV no currículo da atriz Sigourney Weaver, 60, famosa nos anos 80 devido aos filmes da série Alien. Ela interpreta Mary Griffith, a mãe de Bobby, que tenta "curar" o filho gay com a Bíblia e a terapia. Devido a esse papel, ela foi indicada para o Emmy 2009, Oscar da TV, na categoria melhor atriz, mas perdeu para Jessica Lange.
A atuação do jovem suicida ficou a cargo do ator Ryan Kelley, 23, que fez participações em séries de TV como "Smallville" e "Ghost Whisperer". Ele recebeu elogios, e sua carreira vai muito bem, obrigado. Kelley vai ser protagonista do filme "Ben 10: Invasão Alienígena", no papel do jovem super-herói. 

Suicídio entre jovens
 
Antes do sucesso na TV, a história de Bobby já era emblemática para quem estuda a homossexualidade. Para os especialistas, as famílias precisam compreender melhor o assunto, prevenindo tragédias. Famílias de todos os credos e classes sociais ainda encurralam seus filhos gays para quadros de depressão, revolta e desesperança.
Estudos alertam que a taxa de suicídios é explosiva entre jovens homossexuais, principalmente entre efeminados, usuários de álcool e drogas, que não resistem a tanta pressão e angústia.
No livro "A Experiência Homossexual", a psicoterapeuta Marina Castañeda informa que, nos EUA, um em cada três homossexuais tentou se suicidar pelo menos uma vez.
O livro traz explicações e conselhos para gays, suas famílias e terapeutas. A autora relata que a construção da identidade gay dura, em média, 15 anos, ou seja, é um longo período de incerteza que tem um custo afetivo muito elevado.
"Os anos que muitos homossexuais passam se perguntando e explorando sua sexualidade poderiam explicar seu isolamento e sua imaturidade em certos campos. Em inúmeros casos passaram boa parte de sua juventude em conflitos internos ou em relações problemáticas, engajados na difícil tarefa de compreender a sua identidade sexual", escreve Castañeda. 

"A Experiência Homossexual"
Autora: Marina Castañeda
Editora: A Girafa
Páginas: 328
Quanto: R$ 47
Onde comprar: 0800-140090 ou na Livraria da Folha

sexta-feira, 9 de setembro de 2011

Governo paulista ensina grandes empresas sobre cotidiano gay


Governo do Estado de São Paulo promoveu na última segunda-feira, 5, uma tarde de palestras sobre diversidade sexual para empresas interessadas em tornarem seus ambientes de trabalho mais tolerantes. O evento promovido pela Secretaria do Emprego e Relações do Trabalho reuniu representantes de cerca de 30 empresas e secretarias públicas que tiveram acesso a informações básicas que fazem toda a diferença no cotidiano de trabalho.

Em clima de uma literal roda de bate papo, a palestra “Apresentação de Conceitos LGBT” abriu o evento ministrada pelo titular da Coordenadoria de Assuntos da Diversidade Sexual (Cads) da Prefeitura de São Paulo, Franco Reinaudo, e o assessor especial de Cultura para Gêneros e Etnias, Cássio Rodrigo. A explanação percorreu pontos básicos e vitais para uma relação humana mais tolerante como definições do que é papel de gênero, identidade de gênero e orientação sexual.

“Não posso afirmar que um hermafrodita é homossexual”, exemplificou Franco. São termos conhecidos e batidos da comunidade LGBT, mas ainda um mistério para muitos dos heterossexuais que ali estavam, interessados em saber como lidar com a diversidade sexual – questionando sem medo a dupla de palestrantes. Após um coffee-break regado a conversas e impressões sobre a primeira palestra e troca de experiências, o evento continuou com a apresentação de casos de sucesso da tolerância no ambiente do trabalho.

A palestra “Cases” foi ministrada pela representante da IBM, Adriana Ferreira, e pela titular da Coordenação de Políticas para a Diversidade Sexual do Estado de São Paulo, Heloísa Gama Alves, e provou que é sempre muito proveitoso disseminar o respeito às diferenças no ambiente de trabalho.

“Se o meu concorrente está a minha frente nesse ponto em algum momento eu vou sair perdendo”, ressaltou Adriana, completando ainda que “não é só parecer bem na fita. A gente precisa ter uma mente aberta para quando for atender meu cliente saber que ele pode ser gay ou ter um homossexual na família. A diversidade está no mercado de trabalho”. Ela lembrou ainda que a orientação sexual é respeitada dentro da IBM desde 1984.

Já Heloísa garantiu que “o Estado reconhece que é sua responsabilidade” a garantia da cidadania e relembrou de ações pró-diversidade no âmbito estadual - como o decreto que garante o uso do nome social de transgêneros nos órgãos públicos e a promulgação da Lei Estadual 10948, que pune administrativamente a discriminação por orientação sexual. A Secretaria continua trabalhando a diversidade no próximo dia 8, quando a questão afro entra em pauta.

Participaram empresas interessadas em serem certificadas pelo Selo Paulista da Diversidade e as que conferem essa certificação. Nomes como Grupo Pão de Açúcar, Bradesco, FIESP, Metrô de São Paulo, Vivo e Companhia Energética de São Paulo saíram do auditório da Secretaria, no centro paulistano, pelo menos um pouco mais sensibilizados com a necessidade de respeito e tolerância. “Esperamos que as lições tiradas daqui se espalhem e dêem bons frutos”, concluiu Ari Friedenbach, coordenador do Selo Paulista da Diversidade,

Por : Hélio Filho
Site Mix Brasil

quinta-feira, 8 de setembro de 2011

Jean Wyllys - o outro lado da celebridade (Entrevista ao jornal Valor Econômico – 22-07-2011)

O outro lado da celebridade
Autor(es): Paulo Totti | De Brasília
Valor Econômico – 22/07/2011
À mesa com o valor – Deputado Jean Wyllys: EX-BBB, primeiro gay ativista da Câmara, diz porque sua luta é também em favor dos negros e outras minorias. “Venho da extrema pobreza”.
Talvez o deputado Antônio Carlos Magalhães Neto (DEM-BA) não saiba. E também o ex-senador (PT-SP) e hoje ministro de Ciência e Tecnologia, Aloizio Mercadante. Mas ambos foram responsáveis por Jean Wyllys de Matos Santos ingressar na política partidária, eleger-se deputado pelo Rio de Janeiro e constituir-se no primeiro gay ativista do Congresso Nacional.Nas últimas eleições municipais, ACM Neto o convidou para ser candidato a vereador em Salvador. “O Neto é muito simpático, um “gentleman”. Mas eu não estava mais em Salvador. E não tinha, nem tenho, qualquer identificação com o DEM. Então agradeci.” Semanas depois, Jean Wyllys estava em Brasília para participar de uma audiência pública no Senado sobre Estado laico e, numa conversa de corredor, Mercadante perguntou por que não se filiava a um partido. “”Olha, estou contente com minha atuação como cidadão”, respondi. E ele: “Filiar-se a um partido é importante, o partido é que leva à institucionalização das nossas ideias”. Voltei para o Rio com isso na cabeça. Achei que o universo estava me dando um aviso.”
No Rio, Jean Wyllys surpreendeu Mercadante e ACM: procurou o Partido Socialismo e Liberdade (PSOL) e assinou ficha. “Poderia ter sido o PT, que nos grotões do Brasil é o que está mais ligado aos movimentos sociais. E votei em Lula desde 1994. Mas o PT no Rio sofreu uma desfiguração. Por isso, comparando a prática e os programas, me identifiquei mais com o PSOL.” Ainda não pensava em ser candidato até que Heloisa Helena fez o convite para concorrer a deputado federal. Os argumentos da ex-senadora (PSOL- AL) e hoje vereadora em Maceió foram quase os mesmos de Mercadante: “Pessoas bacanas não podem se apartar da política”. Mas Jean Wyllys diz que é “pisciano” e se inspira em Caetano Veloso: “Não me amarra dinheiro não, mas os mistérios”. E misteriosamente se negou a usar na campanha o único fato que o tornaria lembrado por todo o Estado do Rio de Janeiro: O número 5005 do PSOL era do vencedor do “Big Brother Brasil” de 2005, com mais de 50 milhões de acessos a seu favor na noite da decisão final.
No horário da campanha pela TV, os candidatos do PSOL a deputado federal tinham direito a um total de 24,35 segundos às terças-feiras, quintas e sábados. Sem aproveitar o recall do sucesso no “BBB” e sem tempo para dizer abertamente o que pensava e representava, Jean Wyllys conseguiu 13.018 votos, e foi eleito na sobra dos 240.724 que Chico Alencar amealhou para a legenda. “Só apareci duas vezes no horário eleitoral. Cinco segundos. Isso mesmo: 1, 2, 3, 4, 5… e acabou, corta! E não tive uma só inserção nos intervalos comerciais, que é quando o pessoal não desliga a televisão. Minha campanha foi invisível. Só depois de eleito se soube que eu era candidato.”
Da campanha, o deputado guarda o button de fitinhas com as cores do arco-íris que ostenta no plenário da Câmara e chegou com ele na lapela direita do paletó (na lapela esquerda, o escudo de parlamentar) ao restaurante Oca da Tribo, escolhido por ele para este “À Mesa com o Valor”. Jean Wyllys veste-se como seus pares, terno escuro completo, camisa branca, gravata clara. Não há trejeitos, olhares de viés ou voz de falsete. E os expedientes da Câmara que carrega são sustentados no braço esquerdo estendido verticalmente e não protegidos contra o peito com recato. Enfim, se fosse pouco mais magro e mais alto, poderia ser confundido, por exemplo, com o deputado Jair Bolsonaro (PP-RJ).
O restaurante, em endereço que só os moradores de Brasília localizam – SCES, Conjunto 57, lote 54 – é uma grande choupana de madeira coberta de palha, cujo interior o proprietário, um angolano, decorou com peças do artesanato afro e de índios do Xingu. Estilo “rústico-chique”, como registrou um admirador na internet. A comida é mais ou menos orgânica com concessões ao bom paladar: bufê de preço fixo com 12 tipos de saladas, moqueca de banana-da-terra, cuscuz marroquino, biju de mandioca ralada com coco, paella de abobrinha, couve e cenoura, e, pedido extra, delicadas porções de carne bovina, de búfalo, javali e avestruz. A vegetariana Michelle Obama, primeira-dama dos Estados Unidos, almoçou ali, segundo registro de foto à vista dos clientes.
O deputado chega com fome e não faz cerimônia. “Um filezinho cortado no prato, para começar a conversa. E Coca-Cola zero.”
- O senhor…
- Me chame de você.
-… Você é titular na Comissão de Finanças e Tributação e suplente na Comissão de Direitos Humanos da Câmara. Não há uma inversão aí?
- Não, não há contradição nem inversão. Chico Alencar é o líder da nossa bancada federal de três deputados [o terceiro é Ivan Valente, de São Paulo]. Ele quis a Comissão de Direitos Humanos e tem a primazia, até por seu tempo de Casa. E estou satisfeito na de Finanças e Tributação. Lá é que se discute o orçamento, o dinheiro para políticas públicas. Estou lá para lutar por distribuição de renda, justiça fiscal, tributação que não seja tão regressiva, direitos sociais. Isso é entrar na batalha por direitos humanos de maneira efetiva e não romântica numa comissão majoritariamente patrimonialista, machista. Aquele espaço não pode ser monopólio do macho adulto, branco, católico ou pentecostal, tem de ser espaço para todos, da mulher, do negro, dos homossexuais. Minha presença lá é mesmo para subverter. E é uma provocação, tem essa simbologia também. Nada de chancelar a visão muito em voga nas elites: “Dê uma bola ou um berimbau ao negro e ele deixa de nos assaltar” ou “ao homossexual arranje um emprego de cabeleireiro porque como auxiliar da beleza feminina ele não nos escandaliza”. Não. Digo lá que queremos políticas públicas que garantam direitos iguais, acesso a todo o mercado de trabalho e sentar-nos à mesa para discutir os grandes temas. A destinação dos impostos, inclusive.
- Você está preparado para a defesa dessas teses na Comissão?
- Lá há gente que se acha dono da matéria, proprietário da comissão. Mas sou professor universitário com uma formação sólida, talvez mais sólida do que muitos deles, e posso tratar, sim, das questões de economia. E sempre com um viés social.
Quando apareceu no “BBB”, Jean Wyllys tinha 31 anos e títulos vários: graduação em comunicação social, iniciação científica, mestrado em letras e linguística, publicara o livro “Aflitos, Salvador” (“Ainda Lembro” e “Tudo ao Mesmo Tempo Agora” são posteriores a 2005) e era professor da Universidade Federal da Bahia e da Universidade Jorge Amado, coordenando cursos de pós-graduação. No Rio, para onde se transferiu após o “BBB”, deu aulas na Escola Superior de Publicidade e Marketing (ESPM) e na Universidade Veiga de Almeida (UVA). Em suas pesquisas, aprofundou-se no estudo da “literatura de preso”, que se difundiu pelo país após o sucesso de “Estação Carandiru”, de Dráuzio Varella, com o que conquistou prestigio além do universo acadêmico baiano.
Para cursar jornalismo foi aprovado na primeira tentativa em três vestibulares: Universidade Federal, Universidade Católica e Universidade do Estado da Bahia. E em breve se tornaria um jornalista conhecido no Estado. Trabalhou, ainda como estudante, um ano na “Tribuna da Bahia” e mais oito, como repórter, editor e colunista, no “Correio da Bahia”, o jornal da família de Antônio Carlos Magalhães.
- Como repórter, o que fazia?
- Fazia de tudo, problemas da cidade, saúde, transporte, política. Gostava do jornalismo investigativo, de denúncia. Mas não gostava de fazer futebol. Não torço por nenhum time lá, apesar de simpatizar com o Bahia – é mais povão que o Vitória, e eu sou povão. Só fiz uma reportagem para o caderno de esportes, sobre o comportamento da torcida na Fonte Nova… [Ri] Acho que foi por isso que o estádio desabou.
O aperitivo de filé acabou e Jean Wyllys vai ao bufê. Saladas e pratos quentes variados, mas em porções mínimas. Parece não dar atenção à comida, prefere conversar.
Ele se diz povão e sua história não o torna exatamente um exemplar da elite branca e bem comportada. Nasceu em Alagoinhas, 100 quilômetros ao norte de Salvador. O lugar foi refúgio de negros durante a escravidão e hoje um dos irmãos de Jean alfabetiza adultos no Quilombo do Cangula.
“Venho da extrema pobreza”, diz Jean. Na casa de taipa sem banheiro e sem água encanada ou poço, a família de seis filhos passou literalmente fome. O pai era pintor de automóveis – gostava tanto do jeep Willys que deu seu nome ao filho, com exagero de ipsilones. Negro, extrovertido, adepto do candomblé, o pai de Jean gostava de música, cantava em serestas. Mas era alcoólatra. “Desde que me entendo por gente ele já estava desempregado, vivia de bicos. Esperávamos que voltasse da rua trazendo algo para comer. Chegava bêbado e sem nada. Então, dormíamos com fome.”
A mãe, branca, muito tímida e muito católica, “lavava de ganho”, para fora, às margens do rio. Água para beber, tinham que buscar no chafariz público. Uma das duas irmãs mais velhas foi entregue a uma tia para criar. A outra, já mocinha, empregou-se num armarinho e, aos dez anos, Jean foi vender algodão-doce na rua, na companhia do irmão George, um ano mais novo. “Estudávamos de manhã e vendíamos algodão à tarde. Nas férias, trabalhávamos em dois turnos.” (Hoje, George está em Salvador e é capitão da Polícia Militar). Nessa época, Jean teve o primeiro contato com a política. Participava de atividades das comunidades eclesiais de base na periferia; foi até coroinha. Os padres em sua região eram ligados à Teoria da Libertação. A campanha da Fraternidade de 1988 tinha por mote “Ouvir o clamor desse povo!”
Jean estudava em escola pública e aos 13 anos foi menor-aprendiz da Caixa Econômica Federal. Suas notas eram sempre superiores a 8 e, por isso, na oitava série e aos 14 anos, aceitaram-no como candidato à Fundação José Carvalho, ligada à Companhia Ferro Ligas da Bahia (Ferbasa). Havia uma pré-seleção de 80 alunos e, depois de um mês de observação, já na escola da Fundação em Pojuca, a 80 quilômetros de Salvador, 25 eram escolhidos para os cursos de informática, de técnico em mineração e de tradutor e intérprete. Jean foi um deles e optou por informática.
A Fundação era um internato e seu sistema de ensino se inspirava em modelos suíços. Não havia professor na sala de aula, o próprio aluno gerenciava seu aprendizado. Só se recorria ao professor em caso de dúvida, depois de consultar o material didático fornecido, a biblioteca e a videoteca. Geografia, história, sociologia, psicologia, estavam reunidas numa disciplina única, “conhecimentos gerais”. Além de línguas e ciências naturais, havia formação em música, cinema e até oratória. Promoviam um júri simulado, por exemplo, para debater “Crime e Castigo”, de Dostoiévski. “Se você tinha simpatia por um personagem, colocavam você para acusá-lo, e vice-versa, para você treinar a capacidade de argumentação.” Hoje, a escola adota o currículo normal do ensino médio e funciona só para filhos de funcionários da Ferbasa. “Da Fundação fui para Salvador, já com emprego certo no Centro de Processamento de Dados do Hospital Português. E totalmente preparado para passar no vestibular antes de fazer 18 anos.”
Em todo o curso de jornalismo da UFBA, Jean Wyllys era o único aluno que trabalhava e que não tinha carro. “Os negros, deixe-me ver, acho que eram cinco. Na Bahia, veja só!” E o jovem já tinha se assumido como negro, e se aproximado das religiões de matriz africana. “Em Alagoinhas, minha mãe proibia de ir a terreiros, mas eu ia escondido, o candomblé já me fascinava. Depois, na luta pelos direitos humanos, pelas minorias, me aproximei dessa religiosidade inclusiva. Não sou devoto, nunca fui feito no santo, mas passei como professor a estudar essas religiões.”
- E como você entrou no “Big Brother”?
- O “BBB” era um sucesso no Brasil inteiro, e decidi estudar aquele gênero de entretenimento. A Maria Immacolata [Vassallo de Lopes], professora da USP, tinha publicado o livro “Convivendo com a Telenovela”, que estuda a comunicação do ponto de vista do receptor, do público. Ela fez a pequisa a partir da novela de Aguinaldo Silva, “Pedra sobre Pedra”. Eu queria aplicar essa metodologia a partir do “reality show”, mas do ponto de vista do emissor, da origem da mensagem. Queria conhecer de dentro essa estrutura, passar por essa experiência. Usá-la para o doutorado. Mandei a fita para inscrição, disse que era gay, e só omiti que minha preocupação era acadêmica. Corri o risco de abalar a imagem de professor universitário num programa de massa, demonizado e mal visto pela intelligentsia brasileira. Mas tinha consciência de onde estava e da responsabilidade de estar ali. Então, foi uma coisa quase gramsciana, de ocupar espaços de poder para construir novas mentalidades, fazer daquilo um momento de representação positiva da homossexualidade. Me aceitaram. E ganhei, apesar de não esperar ficar por lá mais de três ou quatro programas.
- E daí virou celebridade.
- Daí deixo de ser um professor atuante no meio acadêmico da Bahia e passo a ser o cara do “Big Brother”. Caio de cabeça nesse circo, que destrói. A indústria cultural funciona sob o princípio da aceleração e da renovação permanentes, então o rosto do momento é sempre um novo rosto. Já sabia que seria assim e resolvi resistir à destruição, unir essa experiência, que não deixou de ser bacana, a toda a história da minha vida.
Jean Wyllys conseguiu que o contrato de trabalho que a TV Globo ofereceu fosse o de jornalista. O programa de Ana Maria Braga, “Mais Você”, era na época gerado em São Paulo, e o campeão do “BBB-2005″ passou a ser repórter especial no núcleo do Rio. O contrato era de quatro anos, mas Jean pediu para sair aos 24 meses. “Começou a me dar infelicidade. A Globo exige isenção de seus jornalistas e não consigo ser isento. Sou homem de tomar partido. A Globo entendeu. Não precisei pagar multa, fiz acordo, fui dar aulas de tempo integral na ESPM e na UVA e mergulhei na militância LGBT (acrônimo de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis, Transgêneros), associada à defesa de negros, mulheres, crenças afros, as minorias. Virei colunista do “G Magazine”, e do “Correio da Bahia”.
O prêmio de R$ 1 milhão pela vitória no “BBB” foi usado, segundo Jean Wyllys, na compra de um apartamento de três quartos em Salvador, onde mora uma de suas irmãs, e de uma casa, “confortável, bacana, quatro quartos”, para sua mãe, que, aos 63 anos, continua vivendo em Alagoinhas, na companhia de três dos filhos. Ajudou alguns outros parentes e amigos e investiu o que sobrou na poupança. Mas teve que usar parte dessa sobra na campanha para deputado. “Gastei na eleição R$ 25 mil, incluindo viagens pelo interior do Estado do Rio.”
No Congresso, Jean diz que sua luta é a de levar adiante a pauta introduzida pela hoje senadora Marta Suplicy (PT-SP) -”Ela é a pioneira” – de direitos dos homossexuais, “articulada com a questão maior do combate à discriminação das populações vulneráveis”. O deputado diz que houve uma vitória da causa LGBT no Supremo Tribunal Federal (STF), ao reconhecer as relações homoafetivas. No Congresso, porém, é que o obscurantismo persiste, com ameaças até de retrocesso. “Há um recrudecimento da direita conservadora e religiosa, nos moldes do Tea Party, a direita do Partido Republicano dos Estados Unidos, e explicitada claramente na nossa última campanha presidencial.” O PSOL perdeu por 10 a 7 na Comissão de Ética da Câmara uma representação contra o deputado Jair Bolsonaro (PP-RJ) por apologia à discriminação. Tramitam na Câmara projetos que tiram direitos dos homossexuais. E o deputado João Campos (PSDB-GO) “chegou ao delírio” de propor sustar, por decreto legislativo, a decisão do STF.
- Sua opção pela homossexualidade foi aos 16 anos. Como sua família reagiu?
- Minha opção foi aos 16 anos sem ter tido nenhuma efetiva experiência homossexual. Percebia que as meninas não me interessavam, os garotos é que me atraiam. E eu não queria arranjar namorada para fingir. Falei para minha mãe, e ela, de início, reagiu mal. Para ela, gay era um marginal. Depois foi aceitando, hoje a relação familiar não tem problemas e um dos meus irmãos que mora em Alagoinhas também é gay.
No momento, Jean Wyllys não tem companheiro. Antes de morar no Rio teve uma relação de um ano e seis meses na Bahia. E, no Rio, os namoros foram rápidos, de seis, sete meses. Em Brasília, o relacionamento fica mais difícil. Ponte aérea Rio-Brasília; trabalho em Brasília de terça a sexta; no fim de semana, atividades políticas. “As pessoas cobram, né?”
- E o que aconteceu com seu pai?
- Não consegui ter uma relação positiva com ele, porque rolava esse comportamento dele, o alcoolismo. E o olhar que eu tinha sobre meu pai era o olhar de minha mãe. Via o sofrimento dela e tomava as dores dela. Só comecei a compreendê-lo quando adulto e distante dele. E fui me reconhecendo assombrosamente parecido com ele. Foi muito doloroso identificar que as melhores coisas que eu tinha, que as pessoas mais admiravam em mim, não vinham de minha mãe, vinham dele. Minha mãe é calada, pé no chão. Ele tinha um certo carisma, buscava a popularidade, tinha sua poesia. O fato de ser alcoólatra nos afastou.
- Você está assistindo à novela das nove, “Insensato Coração”?
- Eu me vi muito na relação do André [Lázaro Ramos] com o pai dele [Milton Gonçalves]. Na cena da morte chorei muito porque recuperou os últimos meses da relação com meu pai. Estivemos muito tempo afastados. Um belo dia, fui de Salvador visitar minha mãe em Alagoinhas e ele estava doente. Só parava de beber quando estava doente, de cama. Perguntei se tinha ido ao médico. “Fui”, me disse. “Ele me passou um antibiótico. É garganta.” Olhei seu pescoço e tinha um caroço. Imediatamente pressenti o pior. O salário no jornal só me permitia pagar um plano de saúde, e eu pagava para minha mãe. Tive então que recorrer, pela primeira e única vez na vida, à minha posição de jornalista. Consegui furar a fila no Aristides Maltez, em Salvador, hospital público de referência. No dia de pegar o resultado da biópsia, a gente foi de ônibus, ele do meu lado. Era tão louco aquilo!… Havia um abismo entre mim e ele. E ele era o meu pai. O diagnóstico foi positivo, o câncer era na base da língua. Do diagnóstico até a morte, foram nove meses. Um parto ao contrário. Nove meses de redescoberta da gente. E de perdão, sabe? Quando morreu, senti falta de tudo que ele não foi e de um pai que não tive. A vida distribui mal as suas cartas e ele recebeu um péssimo jogo… Acho que ele gostaria de me ver agora…
As lágrimas brotam dos olhos de Jean Wyllys e escorrem para o bigode e o cavanhaque. “Desculpe”, diz.
Único gay assumido no Congresso Nacional, Jean Wyllys não prejulga os que se negam a assumir. Para ele, cada um tem seu tempo. E cita Caetano mais uma vez: “Cada um sabe a dor e a delícia de ser o que é”.
- O que eu combato são os hipócritas, os enrustidos que fazem um discurso de desrespeito e incitação à violência contra gays.
- Isso existe?
- Muito.
- No Congresso, quero dizer.
- No Congresso, inclusive. Dá vontade de arrombar a porta do armário e puxá-los para fora. Nos Estados Unidos, os gays fizeram isso: “Out!”
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